segunda-feira, 7 de março de 2011

don de fluir

e como ela se sentiu depois daquele banho de chuveiro após a praia? os cristais de sal se desfazendo e ela observando um por um, como se fossem pequenos diamantes escorrendo para o nada, junto com a saudade. eu vendo-a como se não estivesse ali, e ela me olhando como se não soubesse que eu a via. e lendo-a, como se ela não percebesse que eu sabia o que estava pensando. ela pensava em mim, talvez porque eu pensava nela, ou talvez porque a água a fazia pensar em mim. e enquanto levantava o rosto em direção à ducha, podia sentir cada pingo de água desviando-se nas dobras de cada pêlo, de cada cicatriz, de cada elevação e de cada curva. eu continuava observando-a, e ela ainda me olhava. talvez fosse ficar assim para sempre: mirándome mirar.

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