sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Primeiro de setembro

Me disse que eu sou o que tu viu; eu disse que não, que sou outra pessoa, bem melhor. Ah, se tu escutasse… mas tem nada não, visse? Tá tudo bem, tou todo bem, eu te disse. Mentira, disse não. É porque não tou, entendesse? Tu fosse embora bem antes de ir, e muito ainda antes que eu notasse. Depois que eu notei, já era tarde, eu já tava numa mesmice, bem diferente da tua. Entrei na tua, tu saísse, eu fiquei. E tou aqui até agora, sem saber porque tu num ficasse. Mentira, sei sim. Tu num ficasse porque tu percebesse que era melhor se tu tivesse sozinha, sem ninguém além daquela coisa ocasional com quem quer que fosse. Teu negócio não era a minha mesmice, não era mesmo. Eu devia ter sido melhor, eu sei disso. Só que eu sei que sou melhor, sabe como é? Eu sei disso. Mas tu começasse a me tratar que nem tratasse ele: na coleguice. Te lembra? Depois daquele dia que tu não dormisse comigo, eu me peguei pensando se tu ainda queria que desse. Depois me dei conta que não, tu já tinha saído dessa. E eu lá, deitado de bruço, imaginando que se tu deitasse e eu pudesse mudar o que tu pensasse… mas de novo, já era tarde e tu nunca mais falasse disso, até hoje. E eu aqui esperando; tu já pensasse? Homem feito, morrendo de saudade e escrevendo essa pieguice, numa esperança coberta de ilusão e salpicada com criancisse. É foda, visse? Eu tava no caminho do laço, tu disse que tava dentro do nó do laço, e de repente, como se a gente caísse num poço, não tem mais nada disso. É tenso, eu queria ter sido diferente, mas agora já era, tu já olhasse aqui dentro e, aparentemente, não gostasse do que visse. O pior que mesmo que eu tentasse, não ia dar e, mesmo que eu conseguisse, não ia segurar e, na possibilidade escassa de que eu mantivesse isso, o cansaço ia chegar e eu ia voltar a essa tristeza seca do começo. Tu se decepcionasse, e eu mais ainda. Comigo, sabe? Mas enfim.