sábado, 25 de agosto de 2007

Milão

A tristeza que eu sinto quando se estabelece um diálogo irreal entre nós dois só não me parece ser mais pontiaguda do que a minha vontade de fazer com que você entenda, finalmente, que a compreensão entre nós só depende de mim e de você, e que se resolvermos abdicar dessa idéia ridícula de que as coisas são complicadas, aí quem sabe tenhamos alguma chance para ouvir - verdadeiramente - o que um tem a dizer ao outro, sem preâmbulos inacabados, espirais semânticas e discursos circunscritos por um monte de nada, justificando outro monte de coisa nenhuma.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Esmeralda Hortelã

II

Diz que Esmeralda Hortelã, vilã ou não, aquiesceu sob as situações cruciais que o desvio do destino lhe designou. Pobre, Esmeralda havia de recordar-se que roubavam-lhe amiúde as merendas e deveres escolares, quer tomassem posse ou não; quer digerissem ou não; quer lhe devolvessem ou não. Escárnio sem perdão, atitudes sombrias sem valor - moral ou não.

Das lutas, da impotência

Pequena, pequenina;
As estivas concebidas
pela herança de Atlas

Desperta-lhe o bem,
Ante as divisas das iguarias,
Perseguidas e outrora doadas,
mas sem calor e com algum pesar.

Minúscula.
Dos arcabouços levianos
Partiram-lhe os bems.

Despertam-lhe os mals
Sob as ancas dos impropérios,
Dos muitos obrigados retarda-otários,
As intempéries morais.

Malus in futurum vincit.

E Esmeralda haveria de descobrir isso mais tarde.





Cristalizando as idéias

O rapaz lá de belém diz a união, vem neguinho e diz não! Mas que porra é essa? O Conglomerado Internacional do Bem-dizer vem por meio desta avisar: É pra se torar! Nem Roma, nem amém e Jerusalém, quero nem saber quem é Jesus! E sei lá se ele é a luz! O meu negócio é entre mim e o cabra da peste que sabe tudo e tudo vê e tá em todo canto, sem precisar de santo. Entre a gente não é pra caber nem a finura dum papel de fumo, muito menos papa, que sumo pra mim só o da cana!





Ah!

Os fachos nas tuas coxas, num iluminar uníssono: e a beleza das tuas pernas, belas, amarelas. Delas, um repousar silencioso de loucura; a desmedida razão entre ver e acontecer.