terça-feira, 29 de março de 2011

Expensive quote

Apaixonar-se é um luxo que custa muito caro pra mim.

sábado, 26 de março de 2011

Sinédoque

- E, já que ninguém pode ser substituído por ser feito desses detalhes específicos e bonitos, é sensato então argumentar que são esses mesmos detalhes que fazem com que nos interessemos por alguém. así que eu posso me interessar por um fator ou outro, um elemento ou outro, um pensamento ou outro, um aspecto ou outro. A soma de vários desses detalhes dá a noção exata do quanto alguém nos causa interesse, do quanto alguém parece suficientemente valer a pena. Então, veja só, não nos interessamos por alguém, e sim por partes desse alguém.

- Ou o nosso interesse por estas partes faz com que transformemos completamente alguém. A parte pelo todo. Enxergamos alguém completamente, mas não quem a pessoa de fato é. Enxergamos, na verdade, a nossa criação de alguém.

Si dejo elegir a mis pies, me llevan camino del mar









Será que é melhor eu falar mais do que isso?


terça-feira, 22 de março de 2011

la passion



o que ela precisa é de uma paixão. algo que a faça mover-se. algo que lhe tire o fôlego e os pés do chão. sair dessa inércia que lhe consome, dia após dia, hora após hora. mais durante a noite, as horas mortas da madrugada, como diria o gabo. algo que lhe consuma quase que por inteira, que só lhe deixe um pedaço restante e a faça crescer depois. ela precisa sair desse embotamento, dessa maré inequívoca e deslizar um pouco por algo mais interessante. falta essa coisa que a gente chama de... não sei. mas sei que ela precisa ser chacoalhada. pelo quê? por quem?


Conversações entre mim e Gabo

- Será que é velhice o que chega quando os planos dão lugar à nostalgia?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Cuanto te quise, quizás seguirás sin saberlo

Você desligou e disse que ia dormir. Mentira. Você foi chorar. Você se jogou na sua cama arrumada, com a cara entre o travesseiro e o colchão e a parede e ali, escondida do resto do mundo, você começou a chorar. E continuou. Chorou durante tanto tempo que você achou que a tristeza tinha passado. E não passou, claro. Você, deitada na cama, pós-choro, os pensamentos que antes eram uma cachoeira ensurdecedora, uma enchente violenta, agora são uma lagoa, uma marola das seis da manhã. Sin embargo, continua pensando em mim, ainda triste, ainda deprimida.























































- E por quê? Se eu estou aqui, escrevendo para você estas palavras que estão a ponto de saírem do teclado e correrem pela praia em sua direção, para lhe tocarem o rosto levemente e dizerem, ou melhor, sussurrarem "estou aqui".





























































- Tem coisas que não adianta dizer.

segunda-feira, 14 de março de 2011

She still hasn't found what she's looking for



estar apaixonada, para ela, sempre significou estar triste. porque ela nunca se lembrou de uma única vez em que estivesse apaixonada e feliz. para lhe ser sincero, mal e mal ela se lembra de quando esteve realmente feliz. como se fosse uma condição implícita: ou um ou outro.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Wild quote

Não tenho medo da estabilidade. Eu tenho medo é de não me sentir livre como eu me sentia. Liberdade para mim tem a ver com querer algo e poder ter. Não falo de dinheiro, de carros nem de nada disso. Falo da vontade. Essa palavra que é mais cara que qualquer dinheiro e mais poderosa do que qualquer presidente. Sem ela, Nina, estamos, definitivamente, fracassados. Sem ela não vale a pena viver. É com ela que você vai conseguir se erguer caso venha a cair; e você vai cair, muitas e muitas vezes. Não trabalhe para o dinheiro, não estude para o sucesso, não ame para ser amado. Trabalhe, estude e ame porque você tem vontade. E, caso não a tenha, não o faça. Conselho de mãe.

terça-feira, 8 de março de 2011

Memorable quote

"Conhecer alguém. Saber o que faz cada parte de alguém ser o que é. Digo, cada parte de sua história. Como lida com os problemas, o que considera um problema; se tem muitos. Conhecer alguém e descobrir de onde veio, onde gostaria de ir. O que gostaria de ser quando criança, se se tornou este o quê. Se piorou; se melhorou. As pessoas não mudam, vão adquirindo aspectos, realçando qualidades, intensificando defeitos e vice-versa em tudo isso. Conhecer alguém e entender qual o tipo de atitude cada pessoa toma frente a uma situação estranha. Gosto de pensar em como vamos nos tornando, como vamos nos formando. Que somos como estes, estes... estes murais de colagem; uma soma gigantesca de várias outras pessoas. É isso que eu gosto, sabe? É isso que me admira no ser humano. Gostaria de lhe conhecer por isso; porque, mal lhe conheço e já sinto que tenho muita carga de algo seu. Gostaria de ter mais de você em mim."

Beijos

















- Mas é aí que se situa o problema, nega. Você quer mesmo que eu lhe conheça? Porque geralmente as pessoas sentem medo é justamente disso: serem conhecidas profundamente. Terem os seus sonhos mais secretos, mais puros, mais verdadeiros... descobertos. Não é todo mundo que quer entregar assim, de mão beijada, tudo o que ela é. Pior: sem ser forçada a isso. E em troca de quê? Digo, o que alguém ganha com conhecer outra pessoa totalmente?

segunda-feira, 7 de março de 2011

don de fluir

e como ela se sentiu depois daquele banho de chuveiro após a praia? os cristais de sal se desfazendo e ela observando um por um, como se fossem pequenos diamantes escorrendo para o nada, junto com a saudade. eu vendo-a como se não estivesse ali, e ela me olhando como se não soubesse que eu a via. e lendo-a, como se ela não percebesse que eu sabia o que estava pensando. ela pensava em mim, talvez porque eu pensava nela, ou talvez porque a água a fazia pensar em mim. e enquanto levantava o rosto em direção à ducha, podia sentir cada pingo de água desviando-se nas dobras de cada pêlo, de cada cicatriz, de cada elevação e de cada curva. eu continuava observando-a, e ela ainda me olhava. talvez fosse ficar assim para sempre: mirándome mirar.

domingo, 6 de março de 2011

Stuck in a moment

- Tá, e qual é o problema então?

- Em relação?

- A ela.

- Nenhum. Acho.

- Como nenhum? Você passou a noite reclamando.

- É, mas não porque tenha problema...

- E o que é?

- Eu errei. Fiz besteira.

- Ah...

- É... Acho que perdi uma ou duas oportunidades. Talvez até três! O que me leva a pensar que não existe problema. Ou, se existe, sou eu.

- Não sei, você realmente acha que existe essa coisa de oportunidade?

- "Essa coisa"? Claro que existe.

- Mas o que seria uma "oportunidade" então? Que tipo de conjunção ou alinhamento universal
faria com que uma situação fosse qualificada como "oportunidade"? Existem muitas variáveis! São praticamente infinitas!

- É justamente por isso que é chamada de "oportunidade". Porque é uma situação em que todos os parâmetros estão configurados de forma a estabelecer uma conexão entre duas situações que, de outra forma (ou em outro momento), não existiria. Acho que um exemplo bom é o de duas pessoas que se encontram por acaso. E, por algum motivo, começam a conversar. O fato de começarem a conversar significa que uma oportunidade foi aproveitada. Talvez um dos dois percebesse isso, e não quisesse deixar escapar. E aí depois vai existir uma sequência praticamente interminável de outras oportuniades, enquanto estiverem conversando.

- E quando é que a gente percebe uma oportunidade?

- Não sei. Veja aí, eu não sou muito bom em percebê-las...

- Mas você não percebeu ou percebeu e não soube o que fazer?

- Boa pergunta, mas acho que eu percebi, e não soube o que fazer. Ou melhor, eu percebi e soube o que fazer, mas não fiz.

- E por quê não?

- Essa é outra boa pergunta.

sábado, 5 de março de 2011

Depois do amanhecer

- Você é uma mulher adulta, bem-resolvida, alguém cuja vida vale a pena porque você faz por onde, mas fala como uma garotinha de dezessete anos, apaixonada pelo namoradinho do colégio. Se você conheceu ele tão bem, se foram tão amigos, porque você não demonstrou com a ênfase necessária?

- Que ênfase necessária?

- Porque não o seduziu como você seduziu o marroquino? Ele iria gostar, tenho certeza. Mas você ficou na defens

- Eu fiquei na defensiva? O que você queria? Que o jogasse na cama e arrancasse as suas roupas?

- Teria sido interessante.

- Ridículo!

- Não. Não é ridículo. É somente você sendo você mesma. Mas sabe o que aconteceu? Você se apaixonou por ele e sabe que, por causa disso, você tinha medo. Era melhor e mais cômodo ser sua amiga, do que arriscar. Você tinha receio porque estava completamente alucinada por ele. Os outros nem chegavam aos pés e, por isso, você não se importava. Simplesmente fazia o que lhe apetecia. Quando você dormiu com o francês em Bali? Foi por que ele quis ou por que você quis? Quem ficou dançando com o copo nas mãos olhando para ele? Quem ficou mexendo nos cabelos e esperando que ele tomasse uma atitude? E depois que ele não tomou? Quem pôs a mão no peito dele e o beijou no pescoço? Vê? Você era assim, sempre foi, mas com ele você tinha medo. E sabe qualé a pior parte? Ele jamais iria admitir que era apaixonado por você. A timidez não deixaria. Vocês iriam envelhecer juntos, mas separados.

- Por que você acha isso?

- Porque assim é a vida. É o que ela faz com você.





- Então a culpa é minha? Por não ter estuprado ele? Ótimo!

- Não foi isso que eu quis dizer. Você deveria ter tomado as atitudes que você sempre tomou, ora, ter tido a iniciativa que você sempre teve. Por que você não agiu?

- Porque ele nunca foi apaixonado por mim, ora essa.

- Foi sim, sempre foi. Mas escute só: teria feito diferença?

- O quê?

- Se ele era apaixonado ou não. Pra você nunca fez diferença, não importasse quem era. Você ia atrás do que queria.

- Com ele fazia, porque era meu amigo. Não iria pôr em risco nossa ami

- Ah! Pôr em risco a amizade! Claro, típico de você, que nunca se arriscou por nada, certo?

- Era diferente, ele era uma pessoa esp

- Não comece. Você não quer admitir que tinha medo. Que, pela primeira vez na sua vida, você teve medo. E quer saber? Você perdeu uma oportunidade que era única. Nessa, não tinha segunda chance. Você perdeu. Pecou pela insegurança - ou pela certeza infundada - e perdeu.

terça-feira, 1 de março de 2011

Câncer

mas sempre que tem vento, ela sente. vai lá fora e vê a lua, densa. e pensa: que linda. entra, pega a tinta e pinta, cria, recria, desenha, redesenha e se acalma. assim ela relaxa. tu acha?













a sua tristeza era tão aparente e visível que era como se fosse parte do seu corpo. tinha forma, cor, cheiro, textura.


(não bastasse, obedecia aos comandos do seu cérebro - também como uma parte do corpo - mas não obedecia aos seus comandos. era parte do seu corpo, sim, mas não estava atrelada a nenhuma outra parte. poderia estar junto à cabeça, aos braços, às pernas - ou ao coração. fazia movimentos espontâneos que não se sabia bem por que. ia e vinha, simplesmente. às vezes lhe assaltava o sono da madrugada e lhe saltava dos olhos, mas sem molhar o rosto, porque era tristeza, e não lágrima. às vezes era concreta e lhe batia no peito, bem próximo ao esterno. de dentro pra fora, geralmente).


e isso dava pra ver só de olhá-la, vê só.


(mas aí aconteceu algo que me confirmou as suspeitas. a tristeza dela me tocou e eu pude me dar conta de que sim, era física e real, a tristeza dela).