Minha poesia é feita para as mulheres. Para o sexo ou o amor, não importa. Minha poesia não tem a pretensão da Grande Poesia e nem a arritmia da adolescência. Tem, sim, uma carga absurda de afrodisíacos naturais, que jorram dos meus dedos em direção às teclas. Por mais que eu tente, não consigo dissuadir a poesia que eu sinto, dos poemas que eu faço. Eu não faço poesia para homenagear as mulheres. Conversa. Eu faço poesia para que as mulheres me homenageiem. Meus poemas são tentativas de despudor. Quero que meus poemas levantem a saia das mulheres e que, letra por letra, elas se dispam por completo. Eu me despi. A pretensão dos meus poemas é tocar as mulheres. Tocar, e mais nada. Um toque, eu me satisfaço. Mentira. Eu não me satisfaço. Com um toque eu quero tocar mais, e quanto mais eu quero tocá-las, mais elas desejam ser tocadas. Porque as mulheres sabem que com elas ou toca ou não toca. Eu toco.
sei apenas das pernas
[só quero saber delas
as duas (tuas)
entrecruzadas
formatação incontrolável de sinestesia:
onde elas se cruzam, estão meus olhos
com toque, com gosto
mas nas minhas mãos,
uma por uma,
incendiando as minhas palmas
de suor
(duas) tuas pernas gemem.