quarta-feira, 27 de agosto de 2008

As partes de Maria




Minha poesia é feita para as mulheres. Para o sexo ou o amor, não importa. Minha poesia não tem a pretensão da Grande Poesia e nem a arritmia da adolescência. Tem, sim, uma carga absurda de afrodisíacos naturais, que jorram dos meus dedos em direção às teclas. Por mais que eu tente, não consigo dissuadir a poesia que eu sinto, dos poemas que eu faço. Eu não faço poesia para homenagear as mulheres. Conversa. Eu faço poesia para que as mulheres me homenageiem. Meus poemas são tentativas de despudor. Quero que meus poemas levantem a saia das mulheres e que, letra por letra, elas se dispam por completo. Eu me despi. A pretensão dos meus poemas é tocar as mulheres. Tocar, e mais nada. Um toque, eu me satisfaço. Mentira. Eu não me satisfaço. Com um toque eu quero tocar mais, e quanto mais eu quero tocá-las, mais elas desejam ser tocadas. Porque as mulheres sabem que com elas ou toca ou não toca. Eu toco.




sei apenas das pernas
[só quero saber delas
as duas (tuas)
entrecruzadas

formatação incontrolável de sinestesia:
onde elas se cruzam, estão meus olhos
com toque, com gosto

mas nas minhas mãos,
uma por uma,
incendiando as minhas palmas
de suor

(duas) tuas pernas gemem.

sábado, 23 de agosto de 2008

"Adeus ó Esteves!"

( )

sou um deserto de homem
e provo a inconstância das estrelas
a cada passo em direção ao meu túmulo

sou um deserto de homem
canto a liberdade através da alma destas palavras
mas não sei da minha

sou um deserto sem homem
destas linhas sobrarão nada mais que
signos retorcidos numa sucata em poesia

sou um homem no seu deserto
não provo mais que a minha estupidez
ao me lançar sobre este abismo incongruente de declaraç

cansei

meu coração é maior que eu.

domingo, 10 de agosto de 2008

as nossas conversas não eram simples jogadas de pingue pongue. diferente de como quando acontecia com ana emília, eu agora pergunto as coisas para nina, não apenas interessado na resposta, mas realmente querendo saber se aquelas palavras que eu estou ouvindo são de fato os sentimentos dela. mais: eu a questiono para saber como ela está se sentindo em relação aos fatos da vida - mesmo eu tendo conhecimento ou não. com ana emília, meus questionamentos tinham, exclusivamente, a finalidade única de ter, nas respostas dela, parâmetros para meus próximos questionamentos. eu perguntava a ela como ela se sentia, mas não porque me preocupava com o bem estar da sua mente, corpo ou coração, mas sim porque eu não queria lhe dar uma boa - ou má - notícia sem antes saber como estavam suas condições.