sábado, 17 de março de 2012

Luces del acordeón

A elevação da mulher à condição de deusa é o início do fracasso. Ou ainda, já é o próprio fracasso. A mulher é feita de carne, osso, coxas, cangote, cheiro. E, para comprovar essas palavra teóricas, somente através da prática, ou seja, do relabucho. É ali onde se concentra toda a energia que gira no espaço entre dois corpos. Não em um, não no outro. E sim no vão das coxas que se abraçam, ao som do xote.
E, à luz da chama de um candeeiro de querosene, o som das unhas nas teclas de marfim. Unhas rubras, pele mosqueada, cor de canela. Besuntada do óleo natural que emana dos seus braços, pernas, ventre, cintura, costas. Perfume incandescente. O resultado do leve remexer dos quadris obscenos, em contraste com o frenético forrozear das suas mãos, ao mesmo tempo delicadas e infalíveis. Seus dedos não escorregam, não falham, não deslizam. É paixão, o que sai daquele fole.