terça-feira, 20 de novembro de 2007

ensaio sobre a canção

( )

pescar no redor consciente a poesia
não me é mais
eu não posso abrir um pára-quedas de palavras
de frases, de versos
o chão lá embaixo
abaixo
me observa, conquanto
a poesia não me seja




( )

eu tenho um vão de emoções
pintado entre as várias faces desta obscuridade
são peças de gesso dissolvidas
no sopro ainda úmido da canção




( )

a poesia
não está em mim
agora

a poesia
me rodeia
cambaleia entre os troncos rijos da minha consciência

a poesia
me foge
e me maltrateia

ah! a poesia
como essa vida fosse
poesia, não há nada
que não seja
poesia




( )

não tenho restos
eu acabo inteiro
assim que me esvaio

não tenho cantos
eu desafino inteiro
e não lixo as bordas

eu sou inteiro e não
sou só(m)bras
essas rugas

nas dobras de cada fé
de cada esquecida fé
eu guardo
a poesia

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