terça-feira, 11 de julho de 2017

Marina IV

Tente me dizer, Marina, o que eu não consigo escutar: Vai. Vou. Vou? Ai, Marina... sim, eu vou. Onde há costa, linha de mar; minúsculas conchas leitosas e toda a abundância de adeus. Tem muito adeus em mim, Marina, e eu não sei o que fazer com tanta saudade. Ela nunca fica, sabe, a saudade... Ela nunca fica na areia. Parece que a cada novo dia uma saudade nova se aconchega em mim. É certo, Marina, é certo que essas saudades são o eco de uma vida já vivida, eu sei. Mas, Marina, viver é sentir falta. Sou um náufrago nesse mar de adeuses. Naufraguei amiúde nas minhas ausências. Retorno sempre à linha de areia. Recolho um punhado de vida, guardo no bolso... e essa areia repleta de mim não sabe onde ser. Não se pode ser areia no mar, Marina, ou pode? Areia no mar é ilha? Sou um punhado de areia no meio desse mar de saudade, rodeado pela ausência. Estou cansado, Marina, muito cansado. Sou areia, sou mar; sou adeus, ausência e saudade.

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