domingo, 11 de junho de 2017

Marina II

O mar me levou aos poucos.
Primeiro foram os dedos, pés;
depois as mãos.
O mar levou meu corpo.
O mar me levou aos poucos, Marina.
Certo de tudo,
O mar nunca erra, não importa quantas vezes eu não tente.


Sentado à beira do mar, minhas mãos tocam a areia molhada; as duas mãos. Minha cabeça largada para trás, o pouco de sol ainda clareia minhas pálpebras fechadas. É o crepúsculo, o arrebol; Há um vento insistente, uma brisa. O sabor de mar, de vida. O gosto salgado, Marina, tantas e tantas vezes já sentido. É casa, é o retorno da bênção. A cada toque de onda nos meus pés, o mar me leva novamente. Dessa vez, menos e menos, mas paulatinamente eu vou; eu sou ido, sou levado. Trago a cabeça para a frente e abros os olhos. O mesmo céu de tanto sempre. As tintas da saudade, espalhadas despretensiosamente em tudo. A paleta de cores, Marina, me diz: É o fim.

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