quarta-feira, 27 de julho de 2016

C'est fini


Ana foi provavelmente a mulher mais importante que eu conheci, e a mais interessante, sem desmerecer as outras. Mas Ana foi quem chegou mais próximo do amor. Foi com ela que eu aprendi que uma das faces do amor, parte inerente de um sentimento maior, é acreditar em outra pessoa mais do que em você mesmo. É olhar para alguém e ter certeza do poder, do talento, do carisma, da inteligência dela. Eu sentia isso, apesar de não saber o que era. Vim aprender tempos depois, após muita auto análise, muito cigarro de origem duvidosa, cerveja quente, bares decrépitos e conversas ébrias. Eu tentei corrompê-la de todas as formas possíveis e ela seguiu; firme, encantadora, educada e segura de si. Nunca eu tinha conhecido alguém assim, cuja personalidade se encaixava perfeitamente na minha, porque era eu quem tinha os buracos que precisavam ser preenchidos. Ela não. Ana era perfeita na humanidade libriana dela. Até conhecê-la, minhas certezas eram todas brutas, fundamentadas numa vida mesquinha e solitária. As mulheres da minha vida eram somente um complemento, um acessório sentimental pendurado no chaveiro que eu mantinha no lugar do coração. 

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