terça-feira, 11 de março de 2008

Da série "Tâmara do sim aceito"

Round 1
P/ Tâmara e a boniteza que a acompanha

a tua beleza é
assim, direta
como um direto
no queixo





Mensagem
P/ Tâmara, quer esteja na malemolência do sim

O agouro, Tâmara, é maior que o tremor das frestas
Não esqueça que de forma alguma
existem o degredo, o dessabor e a desventura
existem as más pessoas a lhe desejarem más sortes
existem os erros que são perdoados, não esquecidos
existem as faltas graves e a boa fé
existe, Tâmara, o que se chama de desencanto

não espere a bonança dos mares de outras terras
nem conquiste passivamente as ondas de outros tempos
saiba que o porvir lhe reserva umas quantas vidas
mas que não dependem do seu estado agudo de felicidade

abre os braços, Tâmara, quando me vir
e assim eu saberei, diante da visão dos teus ombros finos
que na escala do amor maior,
ou no embotamendo digno das papoulas
você um dia me enviou sinais escritos em papéis mofados
como cartas rasgadas de um outro simulacro de existência

come chocolates, Tâmara!
teus olhos guardam os segredos da metafísica
e sabe que a metafísica não se encerra num poema
muito menos, num poema escrito sob o olhar
da letargia e constância siderais





Tâmara IV
P/ ela, dos olhos cor que muda

de tanto velejar
nesse mar tão calmo
teu barco esqueceu
da ventura

teu cais não viu
mais as
cores
do degredo

tuas velas não
se enfunaram
sob o sussurro
dessa quimera

nem se ouviu
o grito
enfurecido dos cordames

mas apesar da
bonança
teu casco há
de singrar sobre meu mar

levanta essa âncora

tâmara IV

navega em outros mares

domingo, 2 de março de 2008

Eu tenho muitas canções dentro de mim

a poesia
não está em mim
agora

a poesia
me rodeia
cambaleia entre os troncos rijos da minha consciência

a poesia
me foge
e me maltrateia

ah! a poesia
como essa vida fosse
poesia, não há nada
que não seja
poesia




( )

Pescar no redor consciente a poesia
não me é mais
eu não posso abrir um pára-quedas de palavras
de frases, de versos
o chão lá embaixo
abaixo
me observa, conquanto
a poesia não me seja




( )


eu tenho um vão de emoções
pintado entre as várias faces desta obscuridade
são peças de gesso dissolvidas
nas páginas úmidas da canção




( )


meu veleiro não é mais eu
eu não sou aquele
que navegava entre os mares da poesia
a poesia acabou
o mar secou
meu casco partiu
barco naufragou

amanhã, talvez
o mar se recomponha
para calcar, sob as gélidas pás
do meu navio paraibano
uma torrente acre de




( )


eu estou lá
varios eus meus estão lá
prontos, esperando
para serem pescados por mim

eu os pesco
e eu os faço meus novamente
para que não voltem para lá




( )


a poesia
é o epitáfio da
minha consciência
e o amanhã
as lápides
num cemitério de
emoções



( )

não tenho restos
eu acabo todo
assim que me esvaio

não tenho cantos
eu desafino tudo
e não lixo minhas bordas

eu sou inteiro e sou
essas rugas

nas dobras de cada fé
de cada esquecida fé
eu guardo
a poesia




( )

a geometria das cores não esconde
é parte substancial da matéria
formada entre a natureza do ocaso
[tantas variáveis se perdem!
e entre as serpentes do poema