Aos doutores da poesia
( )
Não preciso de bisturis
Não vou dissecar as entranhas dos animais
que me invadem e
depois rugem como
quem espanta os demônios numa luta
sem fim
Não tenho meios
Não existem fórmulas para se descobrir
[mesmo fabricar
as análises críticas
do arrebol poente
E nem as curvas da
metafísica
hão de compreender um dia
o hálito bravio
das leoas no pranto do
cio seu de cada sol
Basta com a poda!
Eu não sou um proclamador das
letras e dos livros
Ainda ontem, quando eu permanecia
tudo eram faces obscuras
(e o serão para sempre
Olhamos para os astros
E o que eles tem a nos dizer?
"Lúcio, que somos nós?"
Quantos ainda hão de passar?
Se o acaso me produz
Eu não escrevo ao acaso
E as palavras, Lúcio
ou seu exercício de voar
não fazem pouso, ou ninho
Elas se limitam, Mário
[como as suas andorinhas
a cagar no meu pobre fio de vida
2 comentários:
Linda, cara. Essa foi perfeita!
Não sei nem o que dizer...
não escreve ao acaso, mas seus punhos traspiram poesia em forma de letras!
perfeito isso!
vc é foda e sabe disso.
vc é foda mesmo.
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