domingo, 2 de março de 2008

Eu tenho muitas canções dentro de mim

a poesia
não está em mim
agora

a poesia
me rodeia
cambaleia entre os troncos rijos da minha consciência

a poesia
me foge
e me maltrateia

ah! a poesia
como essa vida fosse
poesia, não há nada
que não seja
poesia




( )

Pescar no redor consciente a poesia
não me é mais
eu não posso abrir um pára-quedas de palavras
de frases, de versos
o chão lá embaixo
abaixo
me observa, conquanto
a poesia não me seja




( )


eu tenho um vão de emoções
pintado entre as várias faces desta obscuridade
são peças de gesso dissolvidas
nas páginas úmidas da canção




( )


meu veleiro não é mais eu
eu não sou aquele
que navegava entre os mares da poesia
a poesia acabou
o mar secou
meu casco partiu
barco naufragou

amanhã, talvez
o mar se recomponha
para calcar, sob as gélidas pás
do meu navio paraibano
uma torrente acre de




( )


eu estou lá
varios eus meus estão lá
prontos, esperando
para serem pescados por mim

eu os pesco
e eu os faço meus novamente
para que não voltem para lá




( )


a poesia
é o epitáfio da
minha consciência
e o amanhã
as lápides
num cemitério de
emoções



( )

não tenho restos
eu acabo todo
assim que me esvaio

não tenho cantos
eu desafino tudo
e não lixo minhas bordas

eu sou inteiro e sou
essas rugas

nas dobras de cada fé
de cada esquecida fé
eu guardo
a poesia




( )

a geometria das cores não esconde
é parte substancial da matéria
formada entre a natureza do ocaso
[tantas variáveis se perdem!
e entre as serpentes do poema

Um comentário:

Anônimo disse...

entre uma linha e outra, este abismo cheio de variáveis.

muito bonito.

e tudo o que se perde.
se perde.