segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Diálogo de amores

"Se amar bastasse, as coisas seriam simples. Quanto mais se ama, mais se consolida o absurdo. Don Juan não vai de mulher em mulher por falta de amor. É ridículo representá-lo como um iluminado em busca do amor total. Mas é justamente porque as ama com idêntico arroubo, e sempre com todo o seu ser, que precisa repetir essa doação e esse aprofundamento. Por isso, cada uma delas espera lhe oferecer o que ninguém nunca lhe deu. Em todas as vezes elas se enganam profundamente e só conseguem fazê-lo sentir necessidade dessa repetição. 'Por fim', exclama uma delas, 'te dei o amor.' Não surpreende que Don Juan ria dela: 'Por fim? Não' - diz ele - , 'outra vez.' Porque seria preciso amar raramente para amar muito?'"

"Não há amor generoso senão aquele que se sabe ao mesmo tempo passageiro e singular."

(Albert Camus)

"Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: 'O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.'"

(Gabriel García Marquéz)

"Afirmava a suas amantes: só uma relação isenta de sentimentalismo, em que nenhum dos parceiros se arrogue direitos sobre a vida e a liberdade do outro, pode trazer felicidade para ambos."

(Milan Kundera)

E então?

3 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa linda, Dan :D

C. Maria disse...

Já dizia Raul: "se esse amor ficar entre nós dois vai ser tão pobre, amor, vai ser gastar" e "hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez"

José Ferreira Júnior disse...

"Que coisa linda, Dan :D" [2]

hsuheusah

Dos três, o único que fala alguma coisa é Kundera.