domingo, 1 de janeiro de 2012

Mihaela

Eu queria conhecê-la melhor. Não, me corrijo: Eu queria passar mais tempo com ela, para conhecer as peculiaridades do seu corpo. Saber se cheira a manhã fresca, a perfume suave; lavanda. Ou se cheira a calor, a uma pele recém suada, com traços de pós-coito: cheiro de mulher, de fêmea ativa. Como é o seu quadril quando anda, quando senta; quando cruza as pernas, se as cruza. Se anda com os cabelos na ponta dos dedos, quando pensa. Não; Ela é das que pensam diretamente, sem volteios. Com os pés no chão e os braços cruzados. Deve olhar fixamente também, com esse olhar europeu de animal atento, mas sem demonstrar atenção, e sim falso desinteresse. Só uma mulher queimada nas fogueiras durante séculos para olhar assim. Pálpebras semi abaixadas. Os olhos de uma mulher que não denunciam, pelo contrário: que escondem. Não existem brechas para interpretação, numa mulher assim. Olha diretamente nos seus olhos, enquanto escuta suas lamúrias e não fica alternando os olhares rapidamente, passeando pelo seu rosto. O tipo de mulher cujas expressões faciais dizem "eu sei o que você disse, o que está dizendo e, não se preocupe, já sei o que vai dizer". O tipo de mulher que não precisa do bote veloz, porque mata lenta, suave e definitivamente, sem fazer esforço. De fato, os únicos músculos que deve mover são os do coração, para bombear esse sangue gelado milenar, sem uma batida a mais. Nem a menos.

































Mas existe uma saída. Ou ainda, uma entrada. E é através do corpo.

Nenhum comentário: