sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Depois do pôr-do-sol

- Você nunca quis encontrar alguém para ouvir tudo o que você tem a dizer? Alguém que vai lhe perguntar com toda a curiosidade do mundo a respeito dos seus planos? E quando você disser que gostaria de ser uma atriz famosa, você não gostaria de ouvir alguém perguntando "e como você vai fazer isso?" ou "você realmente gostaria de fazer isso?". E, quero dizer, é tão fácil ter amigos que lhe apóiem, que lhe digam que você é talentoso ou que você é uma pessoa divertida, interessante... Mas eu quero encontrar alguém que me diga essas coisas enquanto está deitado ao meu lado, entre os lençóis, depois de transarmos durante metade da noite. Entende? Que me traga café da manhã na cama dizendo como gostou da noite anterior, como gosta de mim, como quer ficar comigo durante o dia inteiro sem fazer nada, apenas conversando entre sexo e um pouco de vinho... Você nunca quis isso, porra?

- Sim, mas...

- E como você vem me falar pra ter paciência? Venho tendo paciência com vocês a vida inteira! Nunca tiver um minuto sequer de paz, e mesmo quando eu namorava aquele cara, era a mesma coisa! Nem consigo sequer me lembrar porque começamos a namorar, ou porque eu fui apaixonada por ele! A única coisa que eu me lembro era que ele me ganhara pelo cansaço, e pronto. Percebi que sentia falta quando ele não me ligava conversando qualquer porcaria; que era estranho abrir minha caixa de mensagens e não ter um e-mail piegas dele contando as coisas do dia, mesmo ele sabendo que eu não dava a mínima para quem ele tinha conhecido na academia, ou sobre a multa de trânsito no carro do pai. Não fazia diferença, entende?! Eu só sentia falta da atenção, foi isso que eu percebi. Que, aos poucos, ter alguém me dando atenção era bom... Mas agora eu percebo que foi justamente esse o problema. Que eu me acostumei a isso... Que os homens sempre me deixaram acostumada, que eu nunca tive tempo para sentir uma necessidade real. E agora, que eu tenho consciência disso, vem você e me diz para ter paciência!

- Não disse para você ter paciência, disse que você dever

- Não! Você só disse que eu encontraria alguém para me chamar de 'meu amor' ou trazer flores na minha cama. Mas isso eu já tive, você não vê? Já tive, mas quem fez isso por mim não o fez porque tinha interesse em saber quem eu era, o que eu pensava, quais meus sonhos! Quem o fez, fez porque queria me ter, queria me conquistar, queria que eu pertencesse a uma relação! Não o fez porque sabia que eu gostaria, e sim porque apostou que qualquer mulher gostaria. Claro! Qual mulher não gostaria de ser paparicada? E eu gostei, não nego. Gostei! Mas o conhecimento de tudo isso agora me faz perceber que eu não preciso somente disso. Não é de alguém que queira me conquistar, porque eu não quero pertencer a ninguém. Eu quero conhecer alguém que me diga: "Vamos tomar um café?" E me faça perguntas, se interesse por quem eu sou. Alguém que queira me descobrir! Não simplesmente alguém que me acha bonita ou que queira transar comigo e, por causa disso, tente me conquistar usando todo tipo de artifício barato.

- Será que voc

- E quer saber mais? O tempo todo eu estive aqui. Tudo bem, viajei bastante, tive vários namorados, mas o tempo todo eu estive aqui, concorda? Sempre conversamos, sempre lhe contei como estavam as coisas, nunca perdemos o contato. Seu problema foi nunca ter demonstrado que tinha sequer um remoto interesse por mim. Sexual, eu digo. Tesão. Você sempre me disse que gostava de mim, mas eu era sua amiga, éramos divertidos. Não é que eu não tenha percebido (caso você tivesse tentado demonstrar). É que eu percebi o contrário, que você justamente não tinha interesse nenhum por mim, a não ser o da minha amizade. Queria que eu fizesse o quê? Que ficasse parada esperando que uma indicação caísse do céu? Meu Deus! Eu tenho uma vida para viver, lugares e pessoas a conhecer, e você sempre ficou nessa sua vidinha de cidade provinciana! Sempre te chamei para ir comigo, e você nunca teve coragem. Claro! Não tinha coragem nem mesmo para mostrar que estava interessado por mim, imagine para sair do país.

- Você está sendo inju

- Estou? Eu estou sendo injusta? Saíamos juntos, íamos a festas na praia, eu ia na sua casa o tempo inteiro, ficávamos juntos, bêbados, flertávamos, porra! Eu paquerava com você, sentava no seu colo. A gente dormiu juntos, cacete! Depois eu cansei. Ora, para quem tinha a faca e o queijo nas mãos, você me pareceu bastante idiota. Merda, eu morria de ciúmes daquela namorada sua e você achava que eu estava somente preocupada com você. Eu fiz de tudo para mostrar que ela não valia a pena e, no final das contas, você CASOU com ela! E eu estou sendo injusta. Quer saber? Você mereceu mesmo. Aproveite a sua lua-de-mel e talvez a gente se encontre um dia, quando eu voltar por aqui.

3 comentários:

Renata (impermeável a) disse...

é........ bemmmmmm Celine.

Anônimo disse...

Café...

Tomar no cu. ¬¬

Angélica Nayara disse...

Da próxima sai um final mais impactante, boy! =P