terça-feira, 13 de maio de 2008

Adeus, Tâmara IV

Não só eu pego a tua mão, como a levo para meu peito. E faço dos teus dedos pequenas fagulhas de emoção a espocarem para dentro de você, no contato com a minha pele.




Tãmara precisa da explosão, das carícias sem amor e do céu bem visto sob os olhos fechados. Tãmara precisa do paraíso do prazer compartido com a dor.
Não se ate aos mares sem vida! Ergue essa âncora redonda, brilhante e dourada e navega pra o mar da descompostura. Esquece, Tâmara, que este veleiro, que estas toras de mansidão, jamais vão te levar ao desconhecido ou irão te elevar. Sob as tuas velas, tábuas podres, fracas e leves irão sucumbir. Para as ondas que você irá, só haverá letargia, embotamento, submissão e a inércia do porvir. Sempre, para você, Tâmara, é uma palavra que significa nunca.
Libere as comportas e deixe vazar a verdade por entre os olhos. E você verá, através do passado, da complacência, das tardes frescas, das manhãs sem vida, das noites sóbrias e das madrugadas sones, que para além da escassez de vida, há um paraíso de torpor, de ebriedade, de tempos e tempos de prazer. Há dor, também, e há lágrima.
Depois de tanto navegar pelas tormentas da indecisão, teu barco pode aportar no cais da segurança.
Mas Tâmara precisa da emoção, antes da estabilidade.

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