quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O aperreio de Jacó

Eu gosto de você. É um gostar assim estranho, etéreo; de longe. Eu gosto, na verdade, é de sentir por você uma atração que se baseia - imagino eu - na curiosidade: imaginar quais são as coisas que você imagina, o que você pensa a respeito de certas outras coisas, mas principalmente como você reagiria diante de algo que eu lhe apresentasse, e o que eu receberia em troca. Meu gostar é uma vontade incrível de conhecer você, por dentro e por fora, pelos lados, os cabelos, pele, cheiro. É também meu medo de gostar de você, isso. Você me deixa completamente desnorteado, e dito assim, parece exagero, e pode até ser, mas o que é importante você entender é que eu estou numa linha tênue, bastante fina entre a decisão iminente em prosseguir com minha curiosidade, e entre ficar te observando de longe, como eu venho fazendo há tempos.a poesia que eu faço não é nada mais do que uma manifestação dessa curiosidade: é minha forma de ser. É a minha verdade para você: eu lhe vejo poesia, eu sinto você como poesia; pra mim você é poesia. E isso não é um elogio, é mais além: é uma invocação. Eu tenho medo de gostar de você, porque eu já gosto, então eu acho que tenho medo é de, a partir desse gostar meio capenga, eu não consiga me desfazer dessa curiosidade bizarra por você.
O que é você? O que tem aí dentro que faz você ser desse jeito? Por que isso está aí? Será que é o que eu imagino? Você pensa em mim? O que você gosta de ouvir? Será que você, com toda essa volúpia intelectual, perde pelo menos um milésimo de segundo conjeturando os fatos que poderiam me levar até isso que é você?
Nas suas palavras, saber por quê você é "densa, oculta, secreta, privada."
Eu sou um barril de pólvora e qualquer fagulha sua me faria explodir. E não tenho o menor pudor de admitir isso.
Eu podia estar escrevendo diretamente pra você, e por que não estou?

2 comentários:

Anônimo disse...

... porque certas verdades são mais intensas qaundo vêm em forma de segredo.

MG.

Anônimo disse...

"Era um delírio danado
De queimar as pestanas dos olhos
Um tremor batendo no peito
E esse adeus que tem gosto de terra"

Ah moço, você é tudo o que eu mais gosto de ler atualmente.
porque esse gosto de paixão é tudo o que mais quero.

bonito demais isso tudo.
lindo. lindo. e lindo.